A viagem acabou,
o flash apagou,
o povo sumiu,
a noite esquentou,
e agora, voltar ?
e agora, de novo ?
você que é sem rumo,
que zomba dos outros,
você que muda os versos,
que ama protesta,
e agora, Mané ?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber (antibióticos...),
já não pode fumar (sinusite...),
cuspir já não pode (escarrar é melhor),
a noite esquentou (maldito trópico),
o dia está feio,
o bonde não veio (não tem bonde, nem trem, nem nada),
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou (e te fez espirrar),
e agora, qual é ?
E agora, Mané ?
Sua doce palavra,
seu instante de febre (vários instantes),
sua gula e jejum (jejum?),
sua biblioteca (livros?),
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora ?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar (não naquele mar gelado),
mas o mar secou;
quer ir para Minas (só se for pra comer queijo),
Minas não há mais.
Mané, e agora ?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense (ou a cumbia peruana),
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse... (Drummond dramático, hein?)
Mas você não morre,
você é duro, Mané !
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia (Conjunto de divindades cujo culto forma o sistema religioso dum povo politeísta.) ,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, Mané !
Viajar, pra onde, como, quando, por quê?
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