domingo, 9 de maio de 2010

E agora, mochileiros?

A viagem acabou,

o flash apagou,

o povo sumiu,

a noite esquentou,

e agora, voltar ?

e agora, de novo ?

você que é sem rumo,

que zomba dos outros,

você que muda os versos,

que ama protesta,

e agora, Mané ?



Está sem mulher,

está sem discurso,

está sem carinho,

já não pode beber (antibióticos...),

já não pode fumar (sinusite...),

cuspir já não pode (escarrar é melhor),

a noite esquentou (maldito trópico),

o dia está feio,

o bonde não veio (não tem bonde, nem trem, nem nada),

o riso não veio,

não veio a utopia

e tudo acabou

e tudo fugiu

e tudo mofou (e te fez espirrar),

e agora, qual é ?



E agora, Mané ?

Sua doce palavra,

seu instante de febre (vários instantes),

sua gula e jejum (jejum?),

sua biblioteca (livros?),

sua lavra de ouro,

seu terno de vidro,

sua incoerência,

seu ódio - e agora ?



Com a chave na mão

quer abrir a porta,

não existe porta;

quer morrer no mar (não naquele mar gelado),

mas o mar secou;

quer ir para Minas (só se for pra comer queijo),

Minas não há mais.

Mané, e agora ?



Se você gritasse,

se você gemesse,

se você tocasse

a valsa vienense (ou a cumbia peruana),

se você dormisse,

se você cansasse,

se você morresse... (Drummond dramático, hein?)

Mas você não morre,

você é duro, Mané !



Sozinho no escuro

qual bicho-do-mato,

sem teogonia (Conjunto de divindades cujo culto forma o sistema religioso dum povo politeísta.) ,

sem parede nua

para se encostar,

sem cavalo preto

que fuja a galope,

você marcha, Mané !

Viajar, pra onde, como, quando, por quê?

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