sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Sem objetivos

Eu não tenho objetivo na vida. Acho que nunca tive. Odeio mudar de fase. Sempre odiei passar de ano, trocar de colégio, de vida. Não que a vida vigente fosse boa. Na verdade, era sempre um tédio. Os mesmos professores, os mesmos colegas, as mesmas matérias, as mesmas piadas idiotas. A mesmice.

Chegar na faculdade foi diferente. Todo dia era o mesmo ótimo dia. Mas, infelizmente, eu sabia que iria acabar. Sabia que teria que trabalhar, que teria que avançar para a próxima fase. Uma fase concorrida, onde puxar sacos e tapetes parece algo normal. E as pessoas parecem gostar disso, parecem querer dar continuidade a isso, puxando cada vez mais, tudo o que conseguem, para atingir o topo dessa medíocre e duradoura fase. Mentiras, incompetências, preguiças, burrices. Tudo assim, nesse plural feio.

Mas, de um jeito ou de outro, bem no meio dessa fase, continuo sem objetivos. Talvez tenha até menos do que antes. Não vislumbro nada. Carreira, dinheiro, construir uma nova família, cuidar dos animais silvestres, dar sopa aos pobres, nada! Não leio jornal e muito menos vejo TV. Pra mim, é tudo abstrato e distante. Talvez até surreal.

A única coisa que quero diante dos meus olhos, são paisagens fantásticas e a leveza do nada. Mas não quero fotografar, filmar, desenhar ou sair contando por aí (ou aqui). Só quero ver. Só quero conseguir ver.

E agora, com febres e calafrios intermináveis há quase 20 dias, saindo de casa só para ir ao médico ou tomar prazerosas injeções, percebo que isso é necessário. Qualquer objetivo que pareça superior é insignificante perto da possibilidade de ser saudável novamente e fazer o que se quer. Fazer o que se acha que deve ser feito.

Estou escrevendo em meio a um suadouro indecente, desses que o remédio causa pra levar a febre embora, só pra reafirmar e reforçar a intenção da viagem: Ir e voltar vivos. Mais vivos do que nunca. Talvez com ideias e vontades para realizar novas vontades e ideias. Mas, jamais, voltar com objetivos. Porque acredito, sinceramente, neste devaneio de febre, que objetivo é para os fracos.

ps: Que meu organismo reaja e sufoque essa maldita doença até amanhã às 13h!

2 comentários:

  1. Que essas nao sejam as ultimas palavras de um moribundo. Ainda precisamos voltar vivos das terras uruguaias; já que nao temos objetivos que isso seja uma meta!!
    6ª dica do guardanapo: "Não morrer"

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  2. chá de alho.. vc testa sua sanidade e diminui sua expectativa de vida ;)

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